terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Encontro no metrô


Quarta-feira, 14:00 horas.

 Eu estava caminhando em direção ao metrô para ir à aula de inglês.  O dia estava quente, não havia nuvens no céu, a rua não estava lotada e os carros circulavam normalmente. Cheguei à estação, passei pela catraca e pude ver que o meu trem já estava chegando. Desci as escadas correndo, mas no fundo sabia que não ia dar tempo. Coloquei o pé no último degrau da escada quando o sinal de que as portas iriam se fechar tocou.
Fui em direção ao último vagão e parei em frente à quarta marca azul no chão que mostra onde as portas devem se abrir, mais ou menos. Mas, vi uma moça se sentar e como num ato de bocejar – aquele de quando você vê alguém bocejando, você também tem vontade – eu me sentei. Não era meu costume sentar para esperar o trem do metrô chegar, já que eu achava que passava tempo demais sentada.
Fiquei ali, olhando minhas unhas que estavam com as pontas já sem esmalte e pensando na vida. Do outro lado, no sentido oposto ao que eu iria, sentou-se um rapaz, alto, moreno, com uma camisa xadrez, calça jeans e tênis de skatista. Fiquei lhe observando sem perceber que estava sendo indiscreta. Só fui perceber quando ele acenou para mim. Tentei olhar melhor para ver se reconhecia, mas não. Não era ninguém conhecido, então eu abaixei a cabeça e esperei que ele parasse de olhar. Porém, como eu ia saber se ele parou de olhar se eu não olhasse? Impossível. Levantei então a cabeça lentamente como quem não quer nada e ele ainda estava me olhando, com a cabeça meio baixa como se estivesse mesmo esperando que eu lhe olhasse de novo. Ele acenou novamente. Não tinha saída, estava sem graça, mas acenei de volta. Ele sorriu. Eu sorri. Ficamos nos olhando por um tempo. Ele sorria como se me conhecesse de algum lugar, mas eu tinha certeza que não. Talvez ele fosse alguém muito simpático que apenas não conseguia conter sua alegria interior. Bem, eu só sei que aquela situação era constrangedora e boa ao mesmo tempo.
Os meus cabelos começaram a voar, conhecia esse sinal, era o trem que estava chegando. Quando seu trem estava à vista e próximo a passar em nossa frente, ele acenou, mas não consegui acenar de volta dessa vez. O meu trem chegou logo em seguida, a porta se abriu e a moça que sentou antes de mim me olhava como quem não estava entendendo o que aconteceu. Se ela não entendeu, eu também não.
Ele foi embora sem eu sequer saber seu nome, de onde ele era, o que fazia; mas, me marcou com a sua alegria, a sua simpatia, o seu sorriso. Esse mundo é tão grande e ao mesmo tempo tão pequeno. Não sei se o encontrarei novamente. Quiçá um dia eu o encontre.

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