terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Seria bom

Era sábado, um dia normal de verão. Praia lotada, crianças correndo pra lá e pra cá, pais correndo pra lá e pra cá atrás das crianças, amigos rindo, jovens jogando vôlei, e eu, sentada em frente ao mar apenas relaxando, procurando me preparar psicologicamente para as aulas que iriam começar.
Sentia-me feliz, tão livre e tão tranqüila, na verdade, me sentia extremamente tranqüila. Nada estava errado. Tudo parecia perfeito, perfeito até demais...
Sempre vejo vários surfistas quando vou à praia. Gosto de surf. Nunca surfei, mas tenho uma vontade louca de aprender. E naquele dia o surfista mais lindo que eu já vi apareceu. Ele tinha o cabelo castanho e a pele morena de sol. “UAU!”, foi a única coisa que me veio a mente quando o vi saindo da água.
Fiquei olhando fixamente para ele e ele veio em minha direção.  “Ai meu Deus, será que ele vai vir falar comigo?”, pensei. Não sabia se sorria, se fingia não ter visto, ou se saia correndo e mergulhava no mar. No final, fiquei parada, vendo-o passar por mim. Óbvio que ele não estava vindo falar comigo, ele estava indo falar com os amigos dele, que por um acaso, estavam na mesma direção que eu só que atrás de mim.
Um suspiro de alívio e descontentamento foi o que eu pude expressar. “Seria bom de mais para ser verdade. Afinal, ele nem me conhece!”, me consolava.
De repente, senti que alguém bateu com a perna em mim.
 – Me desculpa! - falou "o alguém". Provavelmente o alguém que bateu em mim. Quando eu me virei... Era ele, com um sorriso encantador.
– Você se machucou? Desculpe mesmo, eu não te vi! Ahn... você não vai falar nada? Quer se sentar com a gente, já que você está sozinha aí?
– Eu to bem sim! Eee... eu quero sim! - disse me levantando e tentando me ajeitar. Tá, eu me senti uma entrona também, mas não podia perder essa oportunidade. Um surfista lindo daqueles falando comigo? Noossa!
Eu me hipnotizei em seu sorriso, e não conseguia tirar os olhos dele. Era estranho, mas achava que aquele seria o momento perfeito para me apresentar. ­
 – É... Então, meu nome é...”
 – Gabrielaaaa!... Gabriela, ô Gabriela – uma voz chamava meu nome e depois senti alguém me balançando. E então, abri os olhos.
Eu ainda estava na praia, mas o belo surfista de sorriso encantador não estava mais lá. No lugar dele estava o meu melhor amigo segurando em meus braços e me chacoalhando.
 ­ – Gabriela, você dormiu aqui na praia. Você tá doida? Você tá toda vermelha e aposto que está com marca de óculos.
 – Marca de óculos? - perguntei ainda meio atordoada e colocando a mão no rosto. Sim, eu estava de óculos, e sim, ele estava certo, com certeza eu estava com marca porque me esqueci de passar o protetor.
Puxei meu amigo pela mão, peguei minhas coisas e saí o mais rápido possível da praia.
 – O que foi? – perguntou ele sem entender nada.
 – Um pesadelo!
 – Você teve um pesadelo? Calma, já passou.
– Não, não. O que eu tive, foi um sonho. Mas o pesadelo eu estou tendo agora. Anda rápido!

É, seria bom se fosse verdade. Mas a realidade nem sempre é como sonhamos.

Um comentário:

  1. renata! adorei esse texto muito cômico e reflexivo, no começo pensei que fosse uma história sua, e no fim achei muito divertido. ótimo texto

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